«A música e o esporte no magistério de Pio XII» foi o tema da palestra do prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gian Franco Ravasi, dentro do congresso denominado «A herança do magistério de Pio XII», realizado em Roma nos dias 6 e 7 de novembro e organizado pelas Pontifícias Universidades Gregoriana e Lateranense.
O congresso concluiu no sábado passado com a audiência concedida pelo Papa Bento XVI aos participantes. Alguns fragmentos da intervenção de Dom Ravasi foram publicados na quinta-feira passada no jornal L’Osservatore Romano.
O prelado destacou a visão que o pontífice tinha da cultura, que não se limitava às artes liberais. Disse que queria apresentar uma «leitura pacelliana» (referindo-se a Eugenio Pacelli) de dois temas aparentemente distantes mas igualmente valorizados pelo Papa: a música e o esporte.
A música, instrumento de evangelização
O prelado recordou a paixão que Pio XII tinha pela música sacra. «Diz-se que suas últimas horas estiveram acompanhadas pela música de Sibelius», explicou.
Referiu-se à encíclica de Pio XII Musicae sacrae disciplina, publicada em 1955, na qual destaca a riqueza das vozes nos cantos gregorianos e a arte coral, assim como os instrumentos que, segundo ele, conferem-lhe «dignidade, ornamento e riqueza prodigiosa».
O Papa Pacelli declarava que ainda que não compete ao magistério dar regras técnicas sobre a música sacra, é necessário defendê-la de «tudo que pode minimizar sua dignidade».
Por outro lado, Dom Ravasi destacou a importância que Pio XII deu nesta encíclica à música popular, que «infunde alegria à família, acompanha festivamente as procissões, peregrinações, os eventos e congressos religiosos».
O Papa ressalta também os cantos étnicos de povos de missão, que «poderiam servir como modelo para o desenvolvimento das canções cristãs populares».
O esporte, instrumento de disciplina
O presidente do Pontifício Conselho para a Cultura se referiu também à mensagem que Pio XII dirigiu aos esportistas italianos em 1945, na qual indicava que a Igreja deve «cuidar do corpo e da cultura física».
Nesta mensagem, Pio XII afirmava que o corpo humano não é só «carne material na qual o vigor e a beleza nascem e florescem para depois murchar e morrer como a erva do campo, que termina na cinza e no lodo». O Papa diz, ao contrário, que o corpo está destinado a «florescer aqui para tornar-se imortal na glória do céu».
O prelado destacou como Pio XII assinalava a exigência de uma disciplina rigorosa e de uma formação e educação perfeitas e equilibradas de todo o homem, que tem uma «estreita relação com a moral», que habitua ao «domínio de si mesmos».
O Papa Pacelli advertia sobre a importância de que os esportistas não pretendam só «ganhar uma copa» ou «parecer super-homens», mas «transformar esta atividade num verdadeiro ato simbólico que saiba ter juntas todas as capacidades do ser humano, criando harmonia e beleza».
Dom Ravasi assegurou que nos escritos de Pio XII «permanece sempre bastante delineado o tronco do discurso em sua mensagem fundamental, impedindo qualquer equívoco hermenêutico». E concluiu destacando a qualidade literária da obra do Papa Pacelli, que «confirma sua bagagem cultural, intimamente ligada às coordenadas históricas, a suas urgências e instâncias. Configura-se assim um modelo preciso e característico de cultura católica, marcado por uma identidade que se ancora na tradição cristã ocidental».
Fonte: www.zenit.org