sexta-feira, 23 de maio de 2008

A IGREJA DA EUCARISTIA


A pedidos, disponibilizamos a meditação elaborada pelo Ministério Vaso Novo para a Procissão de Corpus Christi 2008, baseada na Encíclica "Ecclesia de Eucharistia" do Papa João Paulo II:

1ª Meditação: A DIMENSÃO SACRIFICIAL DA SANTA MISSA

Leitor 1 - Meu irmão e minha irmã, ... Celebrar “Corpus Christi” é relembrar que a Eucaristia é a vida da Igreja. Com base na Encíclica do saudoso Papa João Paulo II, “Ecclesia de Eucharistia”, somos convidados a realizar um sincero exame de como temos nos relacionado com este Sacramento e especialmente de como temos participado das Celebrações Eucarísticas.
Leitor 2 - Jamais podemos esquecer que Cristo instituiu a Eucaristia na noite em que foi entregue para sofrer sua paixão e morte. Sem dúvida, este Sacramento está intimamente ligado ao Sacrifício do Senhor. A Eucaristia “Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos.”(EE, 11).
Leitor 3 – “A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto atual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, « o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício ».” (EE, 12).
Leitor 4 – A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a paixão e morte, a sua ressurreição. Com efeito, o sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Salvador, mas também o mistério da ressurreição. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-Se « pão da vida » (Jo 6, 35.48), « pão vivo » (Jo 6, 51), na Eucaristia. (EE, 14).
Leitor 1 – Assim, não é correto minimizar o sentido da Santa Missa como sendo apenas “uma encontro fraterno ao redor da mesa”, um banquete em que os fiéis são alimentados pelo Corpo e o Sangue de nosso Senhor. “A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e atual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O caráter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia.” (CCIC, 280).
Leitor 2 – Esta compreensão deve trazer um impacto transformador em nossas vidas! Anunciar a morte do Senhor « até que Ele venha » (1 Cor 11, 26) inclui, para os que participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal forma que esta se torne, de certo modo, toda « eucarística ». (EE, 20).
Leitor 3 – Ó Cristo, presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do altar, ajuda-nos neste dia a participar do modo correto da Santa Missa, vendo-a não como um compromisso social ou obrigação religiosa, mas como verdadeira atualização do Teu santo sacrifício na cruz. Amém. Graças e louvores se dêem a todo o momento – Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
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2ª Meditação: EUCARISTIA, SACRAMENTO DA UNIDADE

Leitor 1 – ... meditemos um pouco mais sobre o significado da Eucaristia em nossas vidas e na vida da Igreja.
Leitor 2 – “Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos dos Apóstolos: « Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações » (2, 42). Na « fração do pão », é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja.” (EE, 3).
Leitor 3 – A Igreja de Cristo é Una. Independentemente do estado de vida ou da Pastoral ou movimento que participamos, fazemos parte todos da única Igreja de Cristo, fundada pelo próprio Senhor sobre a pessoa de Pedro. Todos celebramos a Eucaristia, que é sinal da unidade da Igreja. Todos nos alimentamos do Corpo e do Sangue do Senhor. Neste minuto, no mundo inteiro, centenas de Missas estão sendo celebradas...
Leitor 4 - “Pela comunhão eucarística, a Igreja é consolidada igualmente na sua unidade de corpo de Cristo. A este efeito unificador que tem a participação no banquete eucarístico” (EE,23). “A ação conjunta e indivisível do Filho e do Espírito Santo, que está na origem da Igreja, tanto da sua constituição como da sua continuidade, opera na Eucaristia.” (EE,23). O dom de Cristo e do seu Espírito, que recebemos na comunhão eucarística, realiza plena e superabundantemente os anseios de unidade fraterna que vivem no coração humano e ao mesmo tempo eleva a experiência de fraternidade, que é a participação comum na mesma mesa eucarística, a níveis que estão muito acima da mera experiência dum banquete humano. (EE,24).
Leitor 1 – Na mesma noite em que instituiu a Eucaristia, Cristo rezou ao Pai por nós: “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós". (Jo 17,11). É desejo de Jesus que vivamos a unidade em sua Igreja.
Leitor 2 – Porém, muitas vezes pecamos contra este desejo de Jesus. Ao invés de sermos construtores da unidade da Igreja, acabamos por ser causadores de divisões com críticas destrutivas, fofocas e omissões. A Eucaristia que comungamos exige que tenhamos outra postura.
Leitor 3 – Ó Cristo, verdadeiramente presente neste Santo Sacramento, sois uno e Trino com o Pai e o Espírito Santo. Olhai para a nossa comunidade de fé. Ajuda-nos a vivenciar a unidade entre as mais diversas expressões pastorais presentes em nossa Paróquia. Que caiam por terra tudo o que nos divide e que ao redor da mesa do altar possamos celebrar este dom da unidade que desejas para nós, unidade emanada da mesmo pão que comungamos. Amém. Glórias e louvores se dêem a todo momento – Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
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3ª Meditação: A ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Leitor 1 - Somos convidados a interromper mais uma vez ... meditar sobre a Santa Eucaristia e seu significado em nossas vidas.
Leitor 2 – Jesus Cristo está presente na Eucaristia de um modo único e incomparável. Está presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem. (CCIC, 282).
Leitor 3: Deste modo, devemos adorar à Santa Eucaristia, quer durante a celebração eucarística quer fora dela. A Igreja conserva com a maior diligência as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida à visita freqüente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no Sacrário. (CCIC, 286).
Leitor 3 – “O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão do vinho – resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à comunhão, sacramental e espiritual.” (EE, 25).
Leitor 4 – Somos chamados a visitar a Jesus Eucarístico e adorá-lo no Sacrário. Não é à toa que São João Bosco, fundador da congregação salesiana, ensinava: “Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Quereis vencer o demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus. Quereis ser vencidos? Deixai de visitar a Jesus Meu caros, a visita é um meio muito necessário para vencer o demônio. Portanto, ide freqüentemente visitar Jesus, e o demônio não terá vitória contra vós."
Leitor 1 – O Magistério da Igreja sempre recomendou a adoração ao Santíssimo Sacramento. Sobre ela, o saudoso Papa João Paulo II exclamou: “É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o seu peito como o discípulo predileto (cf. Jo 13, 25), deixar-se tocar pelo amor infinito do seu coração. Se atualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo pela « arte da oração », como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!! (EE, 25).
Leitor 2 – Quantas vezes não entramos nas Igrejas e não nos ajoelhamos durante alguns poucos minutos diante do Sacrário? Quantas vezes esquecemos da presença real de Cristo e agimos nas Igrejas como se Ele ali não estivesse verdadeiramente presente?
Leitor 3 – Ó Jesus Sacramentado, queremos pedir perdão pelas vezes que negligenciamos a Tua Presença Real no Santíssimo Sacramento e O deixamos sozinho no Sacrário. Queremos um coração adorador, que reconhece que apenas o Senhor é o Deus de nossas vidas. Livra-nos de toda e qualquer idolatria e inflama em nós o amor à Santa Eucaristia. Amém. Graças e louvores se dêem a todo o momento – Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
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4ª Meditação: O ZÊLO COM A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

Leitor 1 – ... Meu irmão e minha irmã continuemos nossa meditação sobre a Santa Eucaristia.
Leitor 2 – Sua Santidade o Papa João Paulo II disse: “sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística.” (EE, 52). E concluiu: “A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu caráter sagrado nem a sua dimensão universal.” (EE, 52).
Leitor 3 - Temos de celebrar a Eucaristia com o zelo que esta celebração existe. Todos os envolvidos na celebração, desde o Presidente, os ministros litúrgicos e a assembléia, não podem perder de vista o Mistério que se está celebrando. Movidos por este zelo, todos somos chamados a conhecer mais a Sagrada Liturgia, especialmente aqueles que nela trabalham (músicos, ministros extraordinários da Eucaristia, leitores, acólitos etc.).
Leitor 4 – Os demais fiéis também precisam observar o decoro exigido para a participação da Santa Missa. Muitas vezes, nos vestimos para ir à Igreja como se fôssemos à praia... Outras vezes, nos comportamos mal conversando e fazendo outras coisas durante a Missa... Pode ser também que sequer nos apresentamos corretamente para a comunhão, recebendo “de qualquer jeito” a Eucaristia.
Leitor 1 – A Eucaristia é o maior tesouro da Igreja e sua celebração não pode ser aviltada! Não são toleráveis os abusos litúrgicos, o tratamento desrespeitoso, o desleixo ou outros comportamentos que atentem contra a Sagrada Liturgia da Igreja. E o decoro e o zelo exigidos devem começar em cada um de nós.
Leitor 2 – Somos convidamos a repensar, ainda, o modo como participamos da Santa Missa. Às vezes apressados, às vezes distraídos, às vezes distantes do Mistério Eucarístico que nela se celebra. Lembremos que ninguém “assiste” Missa. Os fiéis são chamados a participarem verdadeiramente da celebração e a se prepararem devidamente para ela. São Paulo já nos exortava: "Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação". (1Cor 11,29)
Leitor 3 – Ó Cristo, presente verdadeiramente na Eucaristia, ajuda-nos a amar de tal modo este Santo Sacramento, de modo a arder nosso coração de zelo pelas Celebrações Eucarísticas que participamos. Queremos guardar o decoro necessário na participação da Santa Missa e queremos nos preparar dignamente para receber a comunhão eucarística através da confissão sacramental, se necessária. Abençoa os nossos sacerdotes e todos os ministros leigos envolvidos na nossa Paróquia com a Pastoral Litúrgica, animando-os a sempre aprimorar seus ministérios. Amém. Glórias e Louvores se dêem a todo o momento - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
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5ª Meditação: APRENDENDO DE MARIA, MULHER EUCARÍSTICA.


Leitor 1 – Uma última vez, vamos parar de andar. Meu irmão e minha irmã continuemos nossa meditação sobre o Santo Sacramento do altar.
Leitor 2 – “Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja”. Não foi à toa que o Papa João Paulo II inseriu entre os mistérios da luz do Santo Rosário, a instituição da Eucaristia. Nas Palavras deste saudoso Papa: “ Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele.” (EE, 53).
Leitor 3 – Os Evangelhos que narram a instituição da Eucaristia na noite de Quinta-feira Santa, não falam de Maria. “Mas sabe-se que Ela estava presente no meio dos Apóstolos, quando, « unidos pelo mesmo sentimento, se entregavam assiduamente à oração » (At 1, 14), na primeira comunidade que se reuniu depois da Ascensão à espera do Pentecostes. E não podia certamente deixar de estar presente, nas celebrações eucarísticas, no meio dos fiéis da primeira geração cristã, que eram assíduos à « fração do pão » (At 2, 42). (EE, 53).
Leitor 4 – “Para além da sua participação no banquete eucarístico, pode-se delinear a relação de Maria com a Eucaristia indiretamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher « eucarística » na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo.” (EE, 53).
Leitor 1 – Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor. Existe, pois, uma profunda analogia entre o sim pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. (EE, 55).
Leitor 2 – “« Feliz d'Aquela que acreditou » (Lc 1, 45): Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de « sacrário » – o primeiro « sacrário » da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que « irradiando » a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?” (EE, 55). Maria também viveu esta experiência eucarística todos os dias de sua vida, até o Calvário.
Leitor 3 – Senhor Jesus, presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento. Amém. Queremos amá-lo como Sua Mãe o amou. Ajuda-nos a imitar nossa Mãe Santíssima, no seu sim continuado a Deus e no desejo sincero de fazer Sua Vontade. Sabemos que da mesma maneira que o Senhor se encarnou no seio de Maria, estás presente na comunhão que recebemos. Dá-nos jamais esquecer desta verdade! Amém. Graças e louvores se dêem a todo o momento – Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento. Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – Rogai por nós.

Bibliografia:
João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia (in http://www.vatican.va/edocs/POR0245/_INDEX.HTM);
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica