segunda-feira, 9 de junho de 2008

AMOR QUE JORRA DO CORAÇÃO DE JESUS



1. ONDE ESTÁ A GRATUIDADE?

Se você observar atentamente ao seu redor vai perceber que vivemos num mundo em que tudo é cobrado. Por tudo é necessário PAGAR(comer, vestir, morar etc.).

Dentro desta perspectiva, estamos desabituados com a gratuidade e trazemos isto para nossas relações pessoais. Ex.: Uma jovem arruma a casa toda, seu quarto e deixa tudo em perfeita ordem. Sua mãe logo lhe pergunta: “-Filha, fala logo o que você quer” ou um amigo que faz um favor para o outro e lhe diz: “- Ei você está me devendo esta...”.

Podemos querer trazer esta visão também para o nosso relacionamento com Deus e talvez por isso eu e você podemos ter alguma dificuldade para compreender a natureza de Deus e o amor que Ele tem pela sua pessoa: Amor individual, eterno, sem medida e gratuito.

2. JESUS, AMOR ENCARNADO DE DEUS:

Havia um pobre maquinista viúvo que morava com seu único filho à margem da estrada de ferro. Além de cuidar de seu filho, tudo o que lhe sobrou de sua família, cuidava da manutenção do local, e operava uma alavanca para que na bifurcação próxima à sua casa o trem pudesse seguir por uma das duas linhas da bifurcação. Um dia, seu filho pequeno brincava em cima da linha do trem, mas o maquinista não deu atenção, já que o menino estava brincando sobre a linha em que o trem não deveria passar. O trem se aproximou muito rapidamente, e somente a poucos metros da bifurcação o maquinista percebeu que na linha que o trem deveria passar algumas vacas ficaram sobre a linha. Se o trem batesse nas vacas, descarrelharia, matando as mais de 100 pessoas nos seus vagões. Não dava tempo para nada. O homem precisava decidir em poucos segundos se puxava a alavanca e fazia com que o trem passasse por cima de seu filho ou deixava o trem seguir, o que seria morte certa para aquelas pessoas. O que você escolheria? Deus escolheu salvar o trem.

É assim que a Palavra de Deus nos apresenta o amor Dele por você. Matando seu filho único. E fez isto gratuitamente:

“ Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. 10. Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. (1 Jo 4,9-10).

A compreensão deste amor é tão importante que a primeira encíclica do Papa Bento XVI chama-se Deus é amor. Nela o Papa nos diz que Jesus é de fato o amor encarnado do Pai e nos convida a olhar para o coração transpassado de Jesus:

“O olhar fixo no lado trespassado de Cristo, de que fala João (cf. 19, 37), compreende o que serviu de ponto de partida a esta Carta Encíclica: « Deus é amor » (1 Jo 4, 8). É lá que esta verdade pode ser contemplada. E começando de lá, pretende-se agora definir em que consiste o amor. A partir daquele olhar, o cristão encontra o caminho do seu viver e amar.” (DCE, 12)

A Igreja neste mês de junho faz com que nos debrucemos sobre o Coração de Jesus, que pulsa de amor por cada um de nós.

Já no Antigo Testamento encontramos inúmeras passagens que se referem ao Coração de Deus, que se compadece dos homens: Ex.: "O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: “Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz". (Gn 8,21) ou "Como poderia eu abandonar-te, ó Efraim, ou trair-te, ó Israel? Como poderia eu tratar-te como Adama, ou tornar-te como Seboim? Meu coração se revolve dentro de mim, eu me comovo de dó e compaixão". (Os 11,8).

Mas a raiz do culto que conhecemos ao Sagrado Coração de Jesus está no Novo Testamento, mais precisamente no Evangelho de São João:

“31. Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34. mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46). 37. E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10).” (Jo 19, 31-37)

A Igreja sempre apontou o coração aberto de Jesus como o lugar onde encontramos repouso e proteção. Hoje, é a imagem do coração de Jesus que vai nos guiar para descobrirmos como Deus escolher nos amar e o que isto implica em nossas vidas:

a) O coração de Jesus está aberto - amor que se esvazia:

- Jesus é Deus e se despiu de toda a divindade. Se esvaziou. Ele deu todo o seu sangue na cruz e deu ainda mais, quando o sangue acabou, jorrou água do seu coração.

O que isto implica?

- Você é convidado a se esvaziar também. Esvaziar-se de suas misérias. Entregar tudo ao Senhor e arrepender-se diariamente dos seus pecados.

- Outro convite é ser pequeno. Para entrar no coração de Jesus temos que nos despir. “Aprenda que, quanto mais tu te retiras no teu nada, mais minha grandeza se abaixa pra te encontrar”. (palavras de Jesus a Margarida Maria)

b) Amor de cruz e da coroa de Espinhos:

- A cruz do Senhor é nossa salvação. Nela Jesus pagou pelos nossos pecados, rasgando a sentença que pesava sobre nós. Amor que se sacrifica.

- Jesus coroado de espinhos mostra que ele não é rei deste mundo, mas ele quer ser rei do seu coração.

O que isto implica?

- Você é convidado a acolher esta salvação na sua vida, e mais do que isso, a viver sob o Senhorio de Jesus.

c) Amor que é um fogo eterno:

- As Escrituras nos garantem que o amor de Deus por você é intenso e para sempre, nada poderá abalá-lo:

" Põe-me como um selo sobre o teu coração, como um selo sobre os teus braços; porque o amor é forte como a morte, a paixão é violenta como o cheol. Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama divina. As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir. Se alguém desse toda a riqueza de sua casa em troca do amor, só obteria desprezo". (Ct 8,6-7).

O que isto implica?

- A chama do coração de Jesus quer nos consumir. Devemos permitir ser consumido pelo fogo do amor de Deus, pelo fogo do próprio Espírito Santo.

Que o coração de Jesus nos ajude acolher o amor que Deus tem por nós, e a mais que isso, vivenciá-lo.

Silvia Paula Monteiro da Costa
Ministério Vaso Novo